Apresentando uma seleção múltipla, balanceada pelos climas e por certas representações do invisível vento, constrói-se uma narrativa para a mostra. Nas formas e nas técnicas, os artistas se deixam levar pela brisa e pelos encantos naturais. Detalhes, texturas, mitos e símbolos de cada estação. Sombras, volumes e os tons das luzes girando com o sol. O vermelho alaranjado e a intensidade do verão; o azul do inverno e o tempo de hibernação; o período fértil das flores na primavera; os tons terrosos da colheita do outono.
Entre os suportes - pinturas, gravuras, esculturas e fotografias, procuramos criar uma profusão imagética para o passado, o presente e o futuro. As obras podem ser abstratas, figurativas, ingênuas, explícitas, enigmáticas, oriundas da cultura erudita ou popular - destes cruzamentos na construção dos signos, entre tradições e provocações, entendemos um modo de pensar a arte contemporânea.
Para continuarmos a habitar o planeta temos que atravessar uma tomada de consciência e recuperar o vínculo com a vida. Mesmo cheios de dúvidas, seguimos equilibrando formas na harmonia das referências naturais que ainda podemos desfrutar. Dos fenômenos, a vida que ainda pulsa; as flores que nascem e as folhas que caem; a terra encharcada de água, a pedra lavada; o sol e a lua e as estrelas no céu. E nós aqui, presenteados pela magnitude divina, enfrentando como podemos os desafios das intempéries.
Renato De Cara
Agosto de 2021